O Outubro Rosa colore o país de esperança, mas a realidade ainda é dura: milhares de mulheres brasileiras seguem sem acesso ao rastreamento do câncer de mama. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar 73,6 mil novos casos da doença em 2025. Em 2023, mais de 20 mil mulheres morreram por causa dela. A principal razão é o diagnóstico tardio — mais de 70% dos casos chegam aos serviços de saúde em estágios avançados.
As desigualdades são gritantes. No Sul e Sudeste, a maioria das mulheres realiza mamografia regularmente; já no Norte e Nordeste, há estados onde menos de 6% das mulheres têm acesso ao exame. As desigualdades também têm cor e território: mulheres negras, indígenas e das zonas rurais enfrentam mais barreiras para diagnóstico e tratamento.
O SUS oferece mamografia gratuita para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos, conforme diretriz do INCA. Porém, menos de 70% dessa faixa etária realiza o exame no intervalo indicado. A falta de informação, a escassez de equipamentos e a distância de centros de diagnóstico continuam afastando milhares de brasileiras da prevenção.
Além de salvar vidas, a detecção precoce reduz custos públicos. Estudos mostram que tratar um câncer de mama em estágio avançado pode custar até cinco vezes mais do que em fase inicial. Mesmo assim, a prevenção segue em segundo plano nas políticas de saúde.
Iniciativas como as carretas da Saúde da Mulher, que levam exames a regiões distantes, e a instalação de novos equipamentos de radioterapia pelo Ministério da Saúde são exemplos de ações que funcionam.
O Outubro Rosa não pode se limitar ao discurso. É preciso garantir o direito ao diagnóstico e ao tratamento oportuno para todas as mulheres, em qualquer região do país. A cor rosa deve representar mais do que conscientização — deve ser o símbolo de compromisso e equidade.
Tamires Santana
Assessora de Comunicação HEFC