Não sei o que cansa mais: a viagem ou a interação. Viajar, no fundo, não é só deslocar o corpo, mas atravessar estradas em territórios internos — aqueles onde mente e emoção travam diálogos silenciosos e nem sempre pacíficos – e em territórios alheios – aqueles onde a diferença pode ressoar estranheza e conflito com o outro.
Ambas podem ser viagens invisíveis e cansativas. Interações exigem tradução constante entre o que sentimos e o que mostramos, entre a nossa paisagem íntima e o mundo que nos cerca. Entre eu e o outro. Deslocar-se internamente é encarar medos, sombras, inseguranças e acomodar ou se rebelar contra o incômodo.
Seja na estrada ou no contato humano, o cansaço talvez não venha do caminho ou do outro, mas dos conflitos sobre quem somos e nos recusamos a ser por condicionamento de terceiros.
Quanto disponível está para experimentar modos alternativos de circular no mundo e não desistir da viagem, mesmo quando ela estiver cansativa?