Em muitas culturas, o erro é mais do que um deslize — é um julgamento. No Japão, por exemplo, o conceito de 改善 kaizen (significa “mudança para melhor” ou “melhoria contínua) valoriza a melhoria contínua, mas a pressão por não falhar é tão grande que o erro pode ser vivido como vergonha pública.
Em alguns países europeus, como a Finlândia, o fracasso é tratado como parte natural do processo de aprendizagem, e empreendedores chegam a celebrar seus erros como degraus para o sucesso.
Já em certas comunidades indígenas, a palavra “erro” nem ocupa o mesmo lugar conceitual: há apenas a noção de que cada ação gera consequências, e o aprendizado vem da observação e do ajuste.
Mas, para muitos de nós, a vida é atravessada pelo medo de errar. Desde cedo, somos condicionados a associar erro à punição — na escola, na família, no trabalho.
E, quando apontados, não apenas lidamos com a consequência imediata, mas carregamos o peso emocional por anos. Criamos barreiras invisíveis, evitando novas tentativas, vivendo versões reduzidas de nós mesmos para não sentir, de novo, o gosto amargo da exposição e do julgamento. É como se o erro fosse uma sentença perpétua, apagando qualquer possibilidade de recomeço.
É importante, porém, não diluir a gravidade de certos atos. Existem transgressões que não cabem nessa filosofia de “errar é humano”: tirar a vida de alguém, praticar abusos, violências ou qualquer ação que fira profundamente direitos e dignidade não são meros tropeços — são violações éticas que exigem responsabilização real.
E então, qual peso você dá ao erro? Quanto tempo leva para se levantar de um tropeço? Vive para não errar — movido pelo medo de represália, julgamento ou isolamento — ou vive para se superar, aceitando que o caminho é feito de tentativas, ajustes e coragem para recomeçar?
Tamires Santana
Assessora de Comunicação