Viver o presente é uma arte e exige domínio. Em um mundo acelerado, onde somos constantemente bombardeados por informações, expectativas e demandas, facilmente nos distraímos. O pensamento vagueia sobre o passado, lembra erros e arrependimentos, projeta o futuro, planeja, anseia, antecipa-se. Mas e o agora? Esse instante da realidade que é o único que temos?
Perceber os detalhes do dia a dia, sentir o corpo, respirar fundo e se conectar com o presente é um exercício de consciência. É nesse estado de atenção plena que as coisas realmente acontecem – não na dúvida, não na desconfiança e certamente não na falta. Quando estamos presos ao medo do que pode acontecer ou à insatisfação com o que já passou, deixamos de viver o que está diante de nós.
Muitas vezes, a resistência em estar presente vem da necessidade de controle. Na tentativa de garantir que tudo saia conforme o planejado, em atender a própria expectativa ou a vontade alheia. Controlar a vida que não é controlável, que fluí de forma imprevisível e momentos inesperados.
Vivemos em um ciclo constante de querer e temer. Queremos sempre mais: mais sucesso, mais dinheiro, mais reconhecimento, mais amor. Mas será que essa busca incessante nos liberta ou nos aprisiona? O desejo, quando descontrolado, nos mantém em um estado de insatisfação permanente. Sempre falta um pedacinho. Sempre há um próximo objetivo. Sempre há um novo patamar a alcançar. E, do outro lado desse desejo, está o medo – o medo de não conseguir, de perder, de fracassar. Dessa forma, desejo e medo se tornam faces da mesma moeda, um ciclo que nos prende e nos impede de simplesmente viver…em paz.
O que estou experienciando neste momento? O que sinto neste momento? O que sinto me define? Estas perguntas, quando feitas com sinceridade, é um convite à reflexão profunda. Muitas vezes, nos identificamos tanto com nossos pensamentos, emoções e expectativas que esquecemos que somos mais do que isso. Somos a consciência que observa, que sente, que presencia cada instante. Quando nos permitimos parar e olhar para dentro, percebemos que a vida não está naquilo que projetamos para o futuro ou naquilo que lamentamos do passado.
Um bom exemplo dessa entrega ao presente pode ser observado em uma criança em um parque de diversões. Ela escolhe um brinquedo e simplesmente vai. Não questiona se merece ou não, não se preocupa com o que os outros pensarão, não hesita em aproveitar a experiência. Ela vive aquele instante com total presença, sentindo cada momento com plenitude e alegria. Por que, então, à medida que crescemos, perdemos essa capacidade? Por que nos tornamos tão cheios de dúvidas, inseguranças e medos?
Soltar é permitir-se viver sem carregar peso. Muitas vezes, deixamos de viver momentos preciosos porque estamos preocupados demais com o que pode acontecer depois ou se martirizando com o que possivelmente deveria ser. Deixamos de aproveitar um pôr do sol porque estamos respondendo mensagens no celular. Deixamos de sentir o sabor de uma refeição porque estamos pensando em compromissos futuros. Deixamos de ouvir alguém com atenção porque nossa mente está ocupada com problemas que talvez nunca aconteçam.
Claro, viver o presente não significa ignorar responsabilidades ou deixar de fazer planos. Significa, sim, viver cada etapa de forma consciente, sem perder-se em projeções e preocupações desnecessárias. Planejar faz parte da vida, mas é preciso lembrar que os planos servem para orientar, não para aprisionar. Da mesma forma, refletir sobre o passado pode ser útil, mas apenas se for feito com sabedoria, sem alimentar arrependimentos que não levam a lugar nenhum.
Podemos aplicar essa filosofia em nossa vida cotidiana com práticas muito simples com respiração consciente, observação sem julgamento, procurar desacelerar, vivenciar e apreciar o agora e, o mais valioso, confiar no fluxo da vida e permitir criar o próprio roteiro. Quando estamos no presente, não há espaço para o sofrimento causado por pensamentos obsessivos sobre o que já passou ou pelo medo do que pode vir.
Soltar é confiar! É permitir-se viver com mais leveza, aceitando o imprevisível – e que isso pode ser, mas também pode não ser, ruim. Soltar não é sinônimo de negligência ou passividade, mas sim de consciência.
Escolha a cada instante: estar aqui, agora, plenamente, sem a âncora do passado nem a ansiedade do futuro. E, ao fazermos isso, descobrimos que a vida, quando vivida no presente, se torna muito mais leve, rica e próspera.
Quem sabe um caminho: soltar. Soltar é confiar! Na prática, significa deixar de lado a necessidade de segurar tudo com força, de antecipar cada passo, de prever cada resultado. Significa permitir-se viver com mais leveza, aceitando o imprevisível – e que isso pode ser, mas também pode não ser, ruim. Soltar não é sinônimo de negligência ou passividade, mas sim de consciência. É agir de forma presente, sem ser escravo do desejo ou refém do medo.
Tamires Santana
Assessoria de Comunicação HEFC