Estranho para si mesmo

O sujeito é um estranho para si mesmo, moldado conforme suas expectativas nas relações com o mundo, e denunciadas pelos seus comportamentos. Geralmente não indaga a si por qual motivo faz isso ou aquilo, o que o motiva para uma decisão equivocada e suas razões questionadas por outras pessoas, não alcançam uma justificativa mais profunda, apenas uma explicação.

Os comportamentos se repetem, mesmo afirmando a si mesmo, que será a última vez que agirá daquele modo e que não irá mais ferir e deixar triste a pessoa com a qual deve ter a mais alta consideração. Todas as indagações não respondidas, tornam-no alguém que, em muitas ocasiões, somente tem na memória os registros dos passos deixados nos caminhos da vida. Quando pretende uma mudança de atitude, isso exige, para que não ocorra uma repetição, um enorme esforço e isso esgota. Sempre a indagação: por que assim? Não consigo mudar?

A psicanálise questiona esses comportamentos de modo a favorecer a esse sujeito iniciar um percurso, denominado analítico. Dentro desse sujeito estão as respostas. É como se ele mesmo tivesse as chaves da porta que o aprisionam, mas depende dele a lucidez, encontrar sua liberdade dos modelos impostos pela vida. Esse autoconhecimento é um processo que leva à maturidade, saber das imensas possibilidades dentro de si e que vive na superficialidade, muitas vezes dissimulada pelas fórmulas adequadas para proteção do ego.

Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1619

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