O cotidiano e a psicoterapia – parte 2

A angústia, de modo geral, está associada ao que possa pôr a vida em risco, mas, conforme Viktor Frankl, quando a angústia se refere a um temor, ela atrai precisamente o que se teme.

Como exemplo, Frankl menciona os casos de afogamento em que se atribui ao temor pelo afogamento a possibilidade de vir a afogar-se. Trata-se de um círculo vicioso. Quando a angústia, por exemplo, leva a uma auto-observação, amplia o que se pensa. Então, numa conversa com alguma pessoa essa auto-observação pode gerar um bloqueio na fala truncando a possibilidade de se estabelecer uma comunicação de melhor qualidade.

Outro exemplo, quando se tenta dormir, não raras vezes, a concentração na tentativa de adormecer dificulta a chegada ao sono. Então, quando o temor passa a dominar a paisagem interna e a exercer uma atuação que limita as possibilidades de decidir, ou em estabelecer comunicação com outras pessoas, ou ainda, quando prejudicam as tarefas rotineiras, são situações que ensejam o trabalho da psicoterapia com o objetivo de compreender e ressignificar as experiências.

É um processo trabalhoso num percurso complexo, mas empolgante, pois o trabalho clínico se constitui numa parceria, numa viagem para o interior de si mesmo.

Dr. João Palma Filho

Psicólogo – CRP 146.528

Publicado no Jornal Regional News, edição nº 1497

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